A semana em um potinho de felicidade.

A gente esquenta o café para poder esquentar a vida, mas nem sempre a carícia do café acaricia as feridas da vida e então a cada gole, a cada passo a esperança de que nem o café e nem a vida esfriem rápidos demais.

Tudo isso apenas para contar dessa semana tão intensa que se eu pudesse guardaria em um potinho de felicidade, num mix apenas de coisas boas, me permitiu flutuar e ir a lugares nunca frequentados, fiz coisas que antes eram bloqueadas e proibidas.

Essa é foi aquela semana que você tem certeza que a felicidade existe em algum lugar por ai e a certeza absoluta que você ainda não a encontrou, mas é como tudo na vida: felicidade é um instante, um momento, é passagem e assim como tem que ser a semana passou rápido demais para que eu pudesse gozar dela o suficiente.

Passou rasgando tudo dentro de mim, de raspão no meu passado, fazendo com que eu o esquecesse de vez, passou distante do meu futuro fazendo com que por um momento eu quisesse viver apenas o presente apenas aquela semana e nada mais, na torcida que fosse pra sempre, na ingenuidade de que fosse pra sempre.

Tive dois grandes encontros que deixarei registrado aqui:

Um foi encontro de corpos, um corpo muito desejado, que em uma noite de amor formou-se um, não teve lugar naquele quarto pequeno que desse aperto e nem espaço para o encontro desajeitado e perfeito, foi como deveria ser, foi do jeito nada programado que deveria ser.

Viajei nas curvas do corpo dele e por um momento esqueci que a felicidade fosse um momento, me entreguei ao prazer do corpo nu, da alma doce, dos desejos reprimidos e naquele instante de olhos cruzados e mãos dadas, com risadas escandalosamente altas o encontro chegou ao fim, com água quente sobre as costas para o beijo da despedida, o encontro não poderia se estender.

Outro encontro, foi sentada em uma sala cheia de cadeiras confortáveis e roxas, com olhos lacrimejados de emoção, ninguém que passa-se naquele corredor gelado daquela manhã fria poderia imaginar que aquela menina sentada ali sonhou, sonhou em estar ali, o nome remetia a uma entrevista, mas para ela era um encontro direto com a felicidade, como uma meta de vida, parecido com um sonho, é como se estivesse em uma vitrine de doces, só que a vista do lado de fora, vendo seu doce preferido ser servido.

Mas o amanhã sempre chega e tudo volta a ser como tem que ser, como é, e voltamos a realidade.

Já não se é tão possível sonhar tão alto quando as costas carregam uma dor imensurável.

Quando fecho os olhos a cada gole de café quente, vem o orgulho de ser quem sou, de ser o que me tornei, sou eu quem permeio minha força de continuar e de partir exatamente de onde estou agora, de novo e de novo e de novo, quantas vezes for preciso, independentemente de estar cansada ou não.

Escrevo apenas para deixar essa semana registrada, guardada em meu coração, gravada em minha memória e na minha mente, para sempre.

Obrigada pelos envolvidos que imagino não terem noção da felicidade proporcionada e da marca deixada.

É como sempre digo, nada acontece em vão, ninguém passa por nos ilesos, as vezes a vida só quer que a gente tenha mais coragem e menos medo e nessa semana com certeza, fui além de mim.

(25/05/2020 a 29/05/2020)

Gabriela Carvalho
Enviado por Gabriela Carvalho em 01/06/2020
Reeditado em 26/06/2020
Código do texto: T6964878
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