E... De repente...

E , de repente, o coração começa a se abrir quando vejo os olhos de um estranho observando os meus olhando em sua direção. É incrível como o olhar, em suas modalidades (olho, sou olhado, vejo nos olhos do outro que ele me vê o vendo), é, geralmente, a porta de entrada, o traço que fisga e nos lança em um circuito prisional regido por puro desejo, pela busca daquilo que falta.

Do olhar à palavra noto que destravei uma fechadura , deixei os diques caírem e me permiti sentir, mas não sei exatamente o quê. O que poderia ser? Acho que um sentimento de potência: sensação de espaço possível de ocupação. Porque sempre haverá encontros e o sorriso irá brotar num momento fulgaz e trivial. Isso é pulsão de vida. Vamos rumo ao para além do prazer? Aventura, entretanto, cuja queda pode ser dolorosa novamente. Mas, e daí? Parafraseando uma personagem: não seria amor se não houvesse o risco da dor e da destruição. Afinal, o amor entra e traz consigo os afetos que por ele transitam.

Abraão Rodrigues
Enviado por Abraão Rodrigues em 30/05/2020
Reeditado em 30/05/2020
Código do texto: T6962903
Classificação de conteúdo: seguro