O relógio não vai parar
Quando soa a noite no silencio da madrugada, a vida escorre pelas têmporas de um amanhã sobrevivente… em um instante de tantos lamentos profundos e intensos. A energia do céu está cada vez mais perto, porém a do inferno também; são muitos os gritos internos que chamam o céu e o inferno, em uma via com faixas contínuas que não pode ultrapassar.
Os caminhos da madrugada voam à medida que o tempo não desagrada o relógio que passa. As contas estão vindo à tona, a barriga ronca nas altas horas com um dialeto que não se houve muito bem, por causa das preocupações constantes no amanhã, e não no hoje.
E o relógio continua trabalhando, enquanto que as vozes que extraem medo de suas casas, se concentram em tudo o que há de ruim; de transeuntes que se despedem lá fora. Se morrer hoje ou amanhã, uma oração é bem vinda, mas que não seja de qualquer outra doença, porque somente uma agora é que dá o tom da tristeza e da eterna atenção aos que “sofrem”.
O trabalho pede braços fortes e mentes lúcidas, para que a vida dê sua continuidade na certeza da continuidade. Claro, não se pode só apreciar o sol e esquecer dos dias de chuva, mas parar a vida porque há algo que perturba o conforto do nosso dia a dia é suicídio, para não dizer palavras mais robustas.
E o relógio da vida jamais vai parar seu tic tac, há uma energia universal que trabalha incansavelmente, e não somos nós que vamos conseguir parar o trabalho do universo, seja com vozes melodiosas persuasivas, ou vozes melancólicas estruturando os adeuses que dissertam uma fim trágico nas páginas da vida. Certamente, o relógio não para…