UM CAÇADOR SOBRE A PRESA CAÍDA
Deveríamos todos também repetir “não consigo respirar!”, a frase que o jovem George Floyd suplicava ao ser torturado, antes de ser assassinado. Em seu orgulho grotesco, estampado no olhar, o “policial” encarna a metáfora da crueldade disfarçada de defensora “da família e dos bons costumes”, da extrema direita, tão bem reproduzida por aqui e que contagia (mais uma vez) o mundo. O desbrazil da triste atualidade tem também suas trágicas metáforas, como um tal Guilherme de Pádua, assassino cruel, de camisa amarela e bandeirinha, vociferando em defesa da família, nas manifestações pró-governo.
Não deveríamos todos conseguir respirar, ao ver os nossos “João Pedro” sendo o alvo preferido de balas perdidas. Não deveríamos conseguir respirar quando frases do tipo “a escravidão foi benéfica para o negro” são proferidas por aqueles que deveriam nos representar. Não deveríamos conseguir respirar quando um líder afirma que a mulher deveria ganhar menos, porque engravida. Não deveríamos conseguir respirar quando um ministro da educação afirma que tem ódio de povos indígenas. Mas seguimos todos, egoisticamente, respirando aliviado...