Ministros: deuses ou homens?

Hoje acordei com inúmeros textos indignados com blogueiros e outros, que ofenderam os ministros do supremo. E em resposta a essa ofensa eles mandaram a polícia federal agir, com rapidez e eficiência. Até esse momento nada demais, acho que toda a fala deve ser responsável.

Mas quando alguém me pede para ficar indignado com uma suposta agressão ao STF e seus representantes, eu fico muito chateada, porque eu nem sou fã de pagar lagosta e vinho importado para suas excelências, assim como eu adoraria que essas excelências ganhassem um pouco menos ou que pelo menos fossem a defesa imaculada de meu país e de seu tesouro: o povo!

Adoraria vê-los agindo tão prontamente em defesa dos interesses da nação, buscando barrar ações criminosas, praticadas por homens públicos que põem dinheiro na cueca, meia, paletó, caixa de pizza, que aumentam os próprios salários, que contratam drones, que compram respiradores inapropriados de empresas de vinhos ou de fábricas de calcinhas, que aproveitam do sofrimento e da dor de um povo para saquear os cofres públicos sem dó nem piedade.

Por que devo sair em defesa de deuses, que ditam normas aos pobres mortais como o povo e que sabem usar a máquina pública em prol de seus próprios interesses? Por que devo perder horas de minha preciosa existência defendendo o indefensável?

Defendo que o Brasil seja mais importante que egos inflados dos pavões dos três poderes constituídos, minha defesa é pelo meu povo, que acorda antes que o sol se levante, que muitas vezes dorme sentado para que os pequenos possam se espremer no papelão jogado no chão do casebre miserável, onde se amontoam e tentam sobreviver há mais um dia; defendo meu marido, que trabalha todos os dias apesar da dor; defendo os professores incansáveis que lutam para ensinar crianças e jovens dispersos, cheios de carência e com poucos recursos; defendo os trabalhadores, que estão perdendo seus empregos; defendo o povo na fila atrás das migalhas dos 600 reais para viver; defendo os profissionais da área da saúde, que vai trabalhar para salvar vidas, muitas vezes arriscando a própria; defendo os bombeiros, nossos heróis amados, os polícias que mantem a ordem e a paz; defendo meus pais que trabalham incansavelmente até hoje; defendo o meu direito de continuar vivendo; defendo o direito ao trabalho digno e não a esmola que nos controla; defendo os direitos declarados na constituição: direito a vida, a saúde, a educação, a moradia, a dignidade, ao trabalho,...

Defendo meus antepassados, que eram homens e mulheres dignos, que trabalharam incansavelmente por suas famílias numerosas, que ensinaram que trabalho, fé, coragem, honestidade, são os elementos de uma vida de sucesso.

Defendo o Cristo, por puro ato continuo, já que o justo e puro jamais precisou de defesa; e ao considerar Jesus mais importante que os ministros do supremo, lamento não tenho tempo nem vontade para defende-los de absolutamente NADA.

Mas devo preveni-los que aqui na Terra suas ações podem ferir nossa pátria e nosso povo, mas um dia todos nós estaremos diante do tribunal incorruptível de nossas consciências, sob o olhar magnânimo do amor de Deus expresso em suas leis incorruptíveis, e neste dia, quem sabe alguém que os ame possa fazer alguma defesa em prol de vossas excelências.

Até lá meus interesses continuam sendo a defesa de meus pobres irmãos e de minha pátria por opção e amor.

Defendo que Executivo, Legislativo e Judiciário sirvam ao povo brasileiro.