MEMÓRIAS

MEMÓRIAS

Memória é a faculdade psíquica através da qual se consegue reter e lembrar o passado. A palavra também se refere à recordação ou à lembrança que se tem de algo que aconteceu no pretérito.

Segundo Arthur Schopenhauer, “ a memória é um ser caprichoso e temperamental, comparável a uma jovem mulher: às vezes, ela se cala de forma totalmente inesperada àquilo que já forneceu uma centena de vezes e, mais tarde, quando já não estamos mais pensando naquilo, ela o oferece muito espontaneamente".

Tudo que se faz, ou deixa de fazer, todas as ações humanas e aquilo que se vive fará parte do seu acervo memorial.

As memórias têm o condão de ingressar na alma e expulsar de lá o mais guardado mistério, a mais longínqua emoção e o mais oculto sentimento, decerto que entre a sua memória e o seu código genético inexistem segredos.

Nada que se vive, embora armazenado e arquivado no âmago de nossa mente, está eternamente livre de voltar a ser lembrança, de voltar a ser realidade, porquanto nesse campo protegido, tênue, sensível e imprevisível, que é a memória, os acontecimentos passam, armazenam-se e podem retornar, dada a natureza tirana da memória, que não respeita a vontade nem pede licença, o passado pode se tornar presente.

As primeiras memórias que me vêm são memórias de criança, perambulando pela rua, liberta, sorridente e sem preocupação, mas segura, porque sabia que tinha um lugar para chamar de lar; depois as adolescente, com espírito aventureiro, egocêntrico e vaidoso, de pés descalços, andando no mato e jogando bola na chuva, acreditando estar no centro do mundo; outras da juventude, plena de energia e vitalidade, dos tempos de boleiro e de pescador, na companhia de amigos, jogando futebol pelos campos da vida e navegando pelos rios deste imenso Brasil; em seguida as de homem adulto, que já viajou muito na estrada dessa existência e cada vez mais se orgulha dos filhos que trouxe ao mundo, certamente sua obra-prima; por derradeiro as poeta, escrevendo palavras românticas, com a cabeça na lua, viajando com a imaginação nas galáxias e no seu mundo interior.

Logo à frente, ressurgem as memórias idealistas, que me faziam crer que o universo sempre tinha um plano bom para mim, que eu podia mudar o mundo e torná-lo um lugar melhor, se buscasse a paz, sem fazer guerra; que a vida é uma benção e um milagre raro, e que é preciso viver bem o presente e atrair a energia superior, afinal viver é edificar rastros de luz e, quando se constrói as coisas com excelência, o resultado é brilhar pelo caminho e deixando vestígios de memórias iluminadas. Aliás, há leis basilares, como a “Lei da Ação e Reação”, “Lei da Atração”, “Lei do Merecimento”, de cujas premissas se depreende que “quem age, aqui mesmo recebe a reação”, “quem pede, acredita, atrai”, “ quem obtém algo é por força de merecimento pessoal”.

Há as memórias pontiagudas, que cortam o coração e trazem prantos, por outro lado existem a maioria adocicadas que - como sexo, chocolate e elogios - nos alegram e nos revigoram de encantos.

Memórias que nos fazem viajar no tempo e no espaço, recordando-nos momentos, muitas vezes como num filme em que somos protagonistas, atuando em instantes de glória, prósperos e também de insucessos.

Memórias de outras épocas, de outros sentimentos, de outras vidas e de outros momentos.

Memórias de instantes de luta, de superação, de guerra, de perdas, de derrotas e de vitórias.

Memórias de idoso, que lembra de sua juventude e de seus grandes feitos, da prole extensa e do patriarcado, da família de que é manancial, do orgulho de ser pai, avô, bisavô, trisavô, tetravô etc, dos tempos de glória e vivacidade, que foram embora, no entanto ninguém lhe consegue tirar a doce lembrança da vida extraordinária com qual fora agraciado e que é fruto da meritocracia.

Pontofinalizando, boas ou ruins, cada um carrega em seu arquivo mental, sensorial e pessoal memórias, guarde-as num lugar reservado e especial, a sete chaves, seja para lembrar algum dia com gratidão e orgulho, ou do contrário, para não ter o desprazer de revivê-las.

(Anailson, Uberlândia, Abril 2.020)

anailson
Enviado por anailson em 26/05/2020
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