SER ESCRITOR.
Por muito tempo neguei a mim o meu dom.
Quando sentia vontade de escrever, preferia fazer outra coisa. Como fumar um cigarro.
Quanta tolisse!
Ocupava minhas mãos para não me entregar a caneta.
A verdade é que poetas derramam sangue azul e preto nas madrugadas. E quando eu me rendi, senti. Senti a força das palavras, a força que de mim exalava, me colocando acima de todos os meus problemas.
Gostava disso, só não gostava de escrever e apagar tudo.
Fui covarde.
Dia desses ainda tenho um treco do coração de tantos textos que escrevo e guardo no peito.
Digo, tenho medo de me apresentar ansiosa demais diante da literatura. Não quero parecer audaz.
- onde aprendeu a escrever assim? - te ensinaram na escola?
- a quanto tempo escreves? - copiou esse texto de onde?
Ninguém aprende ser escritor! disse.
Ou você é ou não é.
Ser escritor é encontrar conforto e amparo nas palavras, é ter o tudo e não ter nada, porque aquilo que tens quer compartilhar. E acabas ficando rico de sabedoria. Que nunca falte literatura aos homens.
Quanto a mim, sigo a caminhada. Penso que poderia ganhar dinheiro se investisse na minha escrita, mas não sei se é bem no dinheiro que penso. Quero que o mundo veja quem sou, que meu nome seja grande, quero ser como Clarice Lispector. Só que nunca serei, serei sempre eu.
Sou humilde demais para ter nome tão grande!
Vou continuar escrevendo, pois esse é o meu alimento e minha força.
Que a solidão me carregue e meus textos cresçam. Que disso eu nunca seja pobre.