Final prematuro.

Nesse céu, em que as asas dos urubus rasgam as nuvens

Sinto que serei o próximo a receber esses bicos castigando a minha pobre carne

Horizonte belo, limpo e questionável à frente

A luz perdeu as suas forças, lutando contra a implacável treva que habita o meu coração

E esse sentimento... limítrofe e magmático

Ganhou poder.

Nessa mesoderma imutável, que diverge as auréolas dos arcanjos e os rabos pontiagudos dos pecadores

Não distingo-me mais.

Permaneço inerte aqui na floresta

Ninguém me achará entre os fósseis quadrúpedes, que fertilizam a terra

E os troncos de bambu, que escondem a superfície sofredora do meu ser.

Não conseguirão quebrar esse ceticismo envolvido com arame farpado

Sempre usarão alicate de veludo

E eu desaparecerei no voluptuoso cosmos.

Sem vida pós morte

Sem paraíso

Sem inferno.

Apenas vagarei na imensidão obscura do sistema, em forma de poeira estelar.