Os dois amores que movem a sociedade

Inspirando-nos no pensador Santo Agostinho, na obra A Cidade de Deus (2, L. XIV, XXVIII) que afirma: “Dois amores erigiram duas cidades, Babilônia e Jerusalém: aquela é o amor de si até ao desprezo de Deus; esta, o amor de Deus até ao desprezo de si”, podemos dizer que a sociedade da injustiça é movida em sua regra fundamental pela prioridade do “amor” egoísta* (autorreferencial) a ponto de chegar a desprezar o bem-comum e a justiça social; ao passo que a sociedade justa coloca como regra básica o amor à justiça social e ao bem comum até ao ponto de por em último lugar o “amor” egoísta.

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*Haveremos de considerar que a expressão AMOR EGOÍSTA é um paradoxo. Amor genuíno e egoísmo são como água e óleo. Nesse sentido, a expressão está escrita com o termo "amor" (entre aspas), num sentido irônico. Quanto a essa perspectiva, as leituras dos textos: "Os quatro amores" de C. S. Lewis e, "Deus caritas est" de Bento XVI (J. Ratzinger) embasam a nossa perspectiva, para além de qualquer teoria de Darwin, Shopenhauer, Nietzsche e séquitos afins.