A falta que faz Nelson Rodrigues

Inventaram que durante a quarentena só podem funcionar os serviços essenciais. Ora, como a rigor todos os serviços são essenciais, então todos deveriam funcionar, correto? Caso contrário, se o simples fato de abrir um estabelecimento ao público provoca contágio, então tudo deveria fechar - inclusive supermercados, farmácias e padarias, para todo mundo morrer de fome e doenças logo de uma vez.
Como isso não foi feito conclui-se que essa proibição de trabalhar além de arbitrária (como diria a Globolixo, ela é antidemocrática e inconstitucional) é inútil, como aliás estamos constatando. Como naquela história do professor que passou como prova uma equação dificílima que esgotou os alunos durante horas. Terminado o tempo o professor declarou que tinha acertado quem colocou que X era igual a zero. Ao que um aluno se ergueu indignado e exclamou: "Professor, quer dizer que nós tivemos todo esse trabalho por nada?"
Tudo isso deveria ser óbvio, aquele"óbvio ululante" do Nelson Rodrigues. Mas parece que nas últimas décadas ocorreu uma mutação no "homo sapiens", surgindo uma nova espécie humana, o "homo esquerdus", cujo sistema de raciocínio é bem diferente do nosso.