Ah Saudade...

Dói. Mas já não é como antes.

Realmente fica suportável com o passar do tempo, como todos dizem.

Mas as lembranças não estão a salvo do escorrer de uma lágrima, que se justifica agora não simplesmente pela dor da perda, mas pela saudade.

Saudade atrelada a memórias inesquecíveis, construídas com aqueles que se foram cedo demais.

Transcorrem os dias, meses, anos, mas a pergunta silenciosa ali permanece: Por quê?

E aquele resquício de dor me açoita como uma chibata.

Estranho conceber que a mesma saudade que acomoda as lembranças mais belas, que me acalentam e confortam, também me agride, debilita, e enfraquecida percebo que não houve superação.

Sou incapaz de compreender se é amiga ou desafeto, mas não, não quero que me deixe.

Peço que me acompanhe passo a passo nessa jornada, e, por vezes de mãos dadas, por vezes de punhos cerrados, seguiremos inseparáveis.

Pois você foi tudo que me restou daqueles que, com seus sorrisos ternos, abraços afetuosos e palavras sábias, marcaram meu caminho, mas foram impedidos de trilhá-lo ao meu lado.