O grito em silêncio...
Às vezes minha fé precisa ser gritada, não para o mundo, mas para mim mesma, para me lembrar que nada está perdido, que há esperança, que tem jeito, no final de tudo, mesmo que não seja o jeito que eu espero, mas o que Deus determina. Precisa ser gritada para que minhas dores saibam que elas vão cessar, que o sopro da cura vai ser dado por Deus, mas que até lá, Ele passa o bálsamo que alivia cada chaga. Só Ele sabe onde dói.
Precisa ser gritada, para que eu não sucumba ao mal e à negatividade que me cerca e ronda o mundo, eu repito para mim mesma que cada um oferece o que tem, que cada um evolui a seu tempo e que Deus tudo vê. Mas as dores do mundo também me doem, a banalização me dói, a falta de amor ao próximo me dói, minhas dores pessoais nem preciso falar... Doem...
Seguir um propósito, lutar por transformação, desenvolver-se espiritualmente, tentar ser melhor do que eu mesma a cada dia, é tudo um processo doloroso. Agarro-me com Aquele que é o único capaz de amparar-me no meio disso tudo. E busco inspiração em pessoas que sei que são realmente o que falam e escrevem. São tantas as pessoas que agem ao contrário da imagem que passam, enganando os outros, isso também dói, porque reforça a ideia de que vivemos no meio de uma hipocrisia sem fim e que a maldade está vencendo. Mas grito minha fé de novo, de que há muita gente realmente do bem, e que as pessoas podem mudar, que é preciso seguir acreditando porque a fé e a esperança são duas forças extremamente poderosas. Eu estava conversando com uma pessoa um dia desses, que me conhece muito, e ela falou que meu símbolo é a esperança, porque eu nunca desisto. É verdade, eu nunca desisto. Nunca! Tento, mesmo sem forças. Consigo quando é da vontade de Deus. Quando não, não foi por falta de luta e fé, mas por forças externas que vão além do que posso, e porque Deus assim não quis, porque ele faz milagres, e eu acredito em cada um. Mas sangro minhas dores como todo mundo, choro minhas lágrimas quando não dá para suportar. E nessas horas, grito de novo minha fé. Como quem dá um sacode e grita: Ei, calma! Deus está aqui!
Às vezes passo tanto tempo sendo forte que uma pequena fagulha me faz chorar, como quem diz, você é humana, não a mulher maravilha, chora!
Não sou um poço de positividade, mas sou guiada pela fé. É assim que tem que ser.
E mesmo em maio às dores, sei que Deus nunca me abandonou.