Considerações acerca de não sei o quê
Não é o isolamento em si.
É não poder estar
Sozinho, de fato,
O que acaba comigo.
Saio da caverna, às vezes,
E pergunto ao primeiro que passa
como é isso de viver sem alucinógenos e se essa prática dá certo.
Fiquei então sabendo que Lockdown aqui na rua
é dito coisa de abestalhado.
"Lokidão é a tua mãe!" gritam os moleques empinando pipa com cerol do brabo.
O teu pescoço e também o mundo que se ex(foda)ploda.
Lei seca que não pense
De se acomodar por essas bandas.
Bêbado já tá difícil de aguentar isso,
Imagina sem esquentar o sangue com alcatrão e cerva.
Olinda se acabaria em chororô, gaia e facada.
Governador nem precisa se aperriar.
Os pingunços daqui se cuidam bem,
É álcool nas mãos
E pra ter certeza que não vai adoecer
Uma mordida num caju e
1L de pitu pela garganta.
Não tem vírus certo que aguente.
Os R$600 do auxílio e suas respectivas filas
Já espalharam mais o Corona do que empresário voltando da Europa.
Mas esse dinheiro sagrado
não só causou estresse não,
bancou também muitas festas.
Nunca vi tanta alegria
Em meio a tantos cadáveres empilhados.
E a amante que morrendo de saudade
Foi bater na porta do casado?
A esposa risonha: leva, leva ele embora!
O coitado sem saber se morre de covid ou de vergonha.
E a nova moda do motoqueiro brasileiro?
Combinando capacete no cotovelo
Com máscara embaixo do pescoço.
Coisa da vanguarda das passarelas.
Como disse o grande Sócrates,
um pouco antes de beber cicuta:
" Tem que rir pra não chorar, porra!".
Ou foi Nietzsche?