AS CILADAS DAS APARÊNCIAS
Quantas monstruosidades não são escondidas sob uma fina aparência de respeitabilidade! Quantas dores não se ocultam por trás de belos sorrisos e de admiráveis carícias públicas! Quantas amarguras não ficam acumuladas no decorrer de um elo onde há uma enorme escassez de amor e verdade! Quantas perdas não sofrem as famílias quando os seus únicos ideais é uma vida prolongada de aparências, restando pouco espaço para a verdadeira arte de se doarem de corpo e alma! E muitas pessoas, por acharem que não vale a pena pensar na sua condição e por dispensarem o trabalho mútuo que poderia fazê-las atingir a humildade, a maturidade e a consciência do que é relacionar-se, agem como se essa vida a dois (tão desprovida de empatia e calor recíproco de afeto) fosse o suficiente para levarem adiante o andamento de uma relação, suprimindo qualquer chance de um diálogo promissor e de um confronto verdadeiramente salutar, o qual não tem nada haver com uma relação de poder e de dominação. Pois mal sabem elas que pode existir no seu recanto mais escondido algo extremamente nocivo e doentio agindo nos bastidores, muitas vezes atuando de forma desonesta e, desde então, pondo tudo a perder. O ponto de equilíbrio nunca pode ser alcançado quando se deixa adormecido e intocável os conflitos que se acumulam ao longo dos anos, às vezes requer o reconhecimento de que algo precisa melhorar por parte de ambos os lados e a ânsia conjunta de que a vitoriosa restauração tem mais valor do que a fracassada separação. Mas tal harmonia só se torna possível quando a cumplicidade gerada pela força criadora do amor consegue devassar até mesmo as dissonâncias e desvelar os conflitos mais difíceis de verbalizar, ao ponto de envolver toda a energia das duas almas em busca constante de uma duradoura e assertiva união.