textos antigos 04
Eu sempre achei que quando uma pessoa morre ela deixa de sentir, sempre achei que fosse mais fácil morrer do que viver, que morrer seria um paraíso, seria tão bom que não teria palavras para explicar, até o dia que eu morri e foi pior ainda o dia que eu percebi que estava morto, não conseguir acreditar nem saber se era realmente verdade ou se eu estava em um pesadelo e em poucas horas iria acordar, mas eu tive que aceitar a morte de bom grado e não a questiona-la em momento algum, tive que a aceitar e ainda beijar seu rosto fétido, aqueles olhos penetrantes entravam na minha alma e tirava toda alegria que ainda restava no interior do meu ser. Só deixava as marcas, os cortes, a tristeza, a historia de um garoto sem vida que só anda triste pelos cantos fingindo que está bem, que está feliz para não ter que explicar para ninguém o motivo da sua tristeza. E quando isso tudo aconteceu eu percebi que morrer não é tão bom quanto eu pensava que fosse, percebi que a partir daquele momento que teria que administrar minhas emoções e se em algum momento as sentisse novamente não poderia demostrar por algum motivo que desconheço no momento, as coisas não são tão fáceis quanto parecem, não é assim como pensam, você vive, você morri e “tin” seus problemas acabaram. Talvez na morte física seja assim, mas quando você morre estando vivo é mais difícil, complicado, doloroso e digamos que até entorpecedor. É uma das piores dores que você pode sentir ou digamos é a pior dor que você não senti e quando senti não consegue saber o que é, porque é confuso, estranho e algo muito novo mesmo que já tenha passado por essa experiencia milhares de vezes. Quando você morre acaba se arrependendo de todas as vezes que implorou pela morte. Quando vê aquele rosto escuro, mas ela não vem com um capuz e uma foice, ela vem andando e não tem muita pressa como uns e outros dizem por ai, aos poucos ela estende a não pra você e por alguns segundo o rosto dela é bem visível, tem dentes afiados, um rosto estranho, ela vesti uma manta preta com detalhes em vermelho, os olhos são pretos e sem brilho algum, ela é fétida e você pode ouvir os gritos vindo de dentro dela, mas não são gritos dela mesma é como se pessoas estivessem aprisionadas dentro da mesma. Os olhos dela não saem da minha cabeça, era pretos, penetrantes e ainda assim conseguiam ser sem brilho, sem vida alguma. É confuso até para o maior gênio do mundo. Ela chega perto, olha dentro dos seus olhos, faz você sentir o cheiro dela e a beija-la no rosto, passa a mão no seu rosto como se estivesse apreciando uma obra prima e então suga tudo o que existe de bom em você, suga toda sua alegria e te deixa sem sentimento algum, ela te leva para longe e chama por seu nome até você não resistir ao chamado dela e se entregar de corpo e alma ou só de alma. Ela preferi ficar somente com sua alma e deixar seu corpo vagar pelo mundo, fazendo as coisas que sempre fez mas sem alegria e emoções. Quando ela termina com uma pessoa vai pra outra e assim por diante, assim gerando uma legião de mortos vivos.