Vento

Então voltou penosa a pensar

que se tu estivesses tentando ir lhe ver

enfim,

as coisas estariam mudadas

pois que dessa vez tua falha se deu por conta de carência

E eis que briga com o vento

e o vento lhe arrepia os pelos da perna

como costumava fazer teu amor

e nunca existiu

porque não recorda mais teu perfume

nem o gosto de seu peito quente

E vento, carregado de solidão lhe traz com fúria

memórias e recordações

lhe traz pavor

e desespero,

insônia

e lhe coloca medo

O vento de quem era amiga e que

um dia lhe ofereceu uma brisa e paz

hoje lhe acusa

com uivos

e gritos

Se contorce contra a janela

e bate forte

ponteiro de relógio,

se contorce

feito catástrofe

e o vento

sedento

dela ri.

Mirela Lourdes
Enviado por Mirela Lourdes em 04/05/2020
Reeditado em 04/05/2020
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