Vento
Então voltou penosa a pensar
que se tu estivesses tentando ir lhe ver
enfim,
as coisas estariam mudadas
pois que dessa vez tua falha se deu por conta de carência
E eis que briga com o vento
e o vento lhe arrepia os pelos da perna
como costumava fazer teu amor
e nunca existiu
porque não recorda mais teu perfume
nem o gosto de seu peito quente
E vento, carregado de solidão lhe traz com fúria
memórias e recordações
lhe traz pavor
e desespero,
insônia
e lhe coloca medo
O vento de quem era amiga e que
um dia lhe ofereceu uma brisa e paz
hoje lhe acusa
com uivos
e gritos
Se contorce contra a janela
e bate forte
ponteiro de relógio,
se contorce
feito catástrofe
e o vento
sedento
dela ri.