Ano
Nasci e morri num ano qualquer.
Fui acordado [com os olhos abertos].
Cem anos depois virei pó.
Sem festejo ou poesia.
Meus netos só sabiam meu nome
[nada mais].
Tudo se apagou e quase nada se guardou.
A ambição de não perecer se revelou escrita nos poucos versos redigidos nas sombras.
Ano após ano, num corpo de carne e osso mundano vi o tempo escorrer no punho.
Naquele ano ímpar, outros tantos vieram.
Por isso, começa, agora, em você, esse pouco de mim.
Pois assim, um ano deixo de viver e talvez assim possa continuar a existir em ti.