Covid-19 e minhas ficções heurísticas
Perdoem-me aqueles que serão afetados pela Covid-19, mas pelos efeitos climáticos e a crescente ansiedade dos isolados estou começando a pensar diferente em relação a essa crise. Criado em laboratório ou não, esse vírus está aí, e vai nos obrigar a repensar a maneira como temos vivido. Talvez assim algumas três ou quatro cabeças comecem a perceber que mente vazia não é oficina do diabo.
O propósito de toda crise é um convite para a superação, mudar o que deve ser mudado, é um movimento de abertura do velho para o novo. Tudo será diferente quando essa crise passar, pois ela nos mostrou muitos pontos que devemos mudar. Quanto mais ela durar maior será o impacto emocional depois que ela passar. Mas como as grandes coisas caminham com pés de tartaruga, levará tempo até começar a colheita dos frutos. Muita pedra há de rolar; outras crises virão, o vírus é apenas uma exceção, e talvez uma saída de salvação para nossa espécie, um momento para refletir e meditar. A verdadeira crise sempre esteve aí; ela vem crescendo qual uma gravidez silenciosa, uma concepção cheia de problemas está acontecendo desde o século XIX e muito antes, mas é no XIX que ela fica evidente para alguns - os valores superiores estão desabando, tudo que sustentou nossas seguranças e esperanças na vida está se transmutando.
Consequências positivas da Covid-19: preguiçoso bocejar da consciência, sonolento início da busca pelo autoconhecimento e redução do consumismo; valorização da arte e educação; consequente banalização do saber. Ascenção do espírito científico e humanitário. Momento de passividade, aproximação.
Relativo período de harmonia.
Para um suposto futuro longínquo: aurora dos espíritos livres/artistas. Momento de inversão dos valores culturais. Descoberta daquelas jóias raras que hoje passam despercebidas, os solitários.
Início da tragédia da história da humanidade, mais espiritual, latente, lentamente angustiante, a humanidade lamenta - "Tudo em vão" - o anúncio da morte de Deus chega à praça pública.
Incipt Zaratustra...