Salvação - Quem precisa?
Todos nós, em alguma medida, acreditamos que somos nossos pensamentos. Se vejo um mendigo e penso em lhe dar um prato de comida, então penso ser generoso. Se fico com raiva do “flanelinha” e penso que ele está me extorquindo, então penso ser uma vítima. Se minha raiva extrapola e fantasio dando uma paulada no “flanelinha”, então acredito que sou um homem agressivo com um senso de justiça aflorado. Se pensamentos preconceituosos me chegam, então é isso que sou. E assim vivemos com esses multiplos eus, acreditando sermos o que pensamos. Assim, vivemos uma vida de altos e baixos, cheio dessas contradições. Mas o que fazer se a vida é isso mesmo?!
Mas e se você for capaz de observar seus próprios pensamentos e sentimentos?! Se você for capaz de dizer:
Veja! Agora chegou o sentimento de generosidade.
Veja! Agora chegou a raiva
Veja! Agora chegou o medo do Coronavírus.
Quem é esse que observa sem julgar? Quem é esse capaz de ver o pensamento e a emoção chegando?
Talvez eu não seja meus pensamentos. Talvez esse observador seja algo mais próximo do meu verdadeiro eu.
Acredito que toda a humanidade está num processo de desidentificação com o pensamento, mas poucos são aqueles que já se purificaram em alguma medida para ser capaz de se autobservar.
Aquele que conseguir se auto observar um pouquinho pode pensar: estou vendo, estou vendo. Poxa, que felicidade saber que eu não sou esse sentimento preconceituoso que está dentro de mim. Eu ainda não sei o que eu Sou, mas estou chegando perto.
E se você foi educado a acreditar em um Deus, poderia pensar, neste caso: Obrigado Deus por me permitir ver um pouquinho. Vou entregar esses pensamentos e sentimentos a Ti para que sejam purificados.
Então voce percebe que essa entrega dos pensamentos para Deus não esta funcionando 100%. Percebe que "quanto mais voce reza, mais assombração aparece".
Então você resolve melhorar o banco de dados dos seus pensamentos. Antes o seu banco de dados era uma jarra cheia de água barrenta. Então você começa a colocar no jarro uma água mais limpa( boas leituras, apreciação de boa arte, meditações, praticas de virtude...)
E conforme você vai entregando os pensamentos e também colocando água mais limpa, você vai se sentindo mais leve, menos preconceituoso. Vai se sentindo mais livre, mais amoroso. Vai se tornando, não o pensamento, mas o observador. E sua alegria é tanta que você acredita que você está sendo perdoado desses preconceitos, que você está sendo salvo dessa escravidão dos pensamentos. É como se você estivesse se tornando um cidadão habitante de um paraíso, que embora não exista externamente, já exista em seu interior. Então, banhado por esse amor, próprio do observador, talvez você até diga, como um bom cristão: “entrego tudo a Vós, ó Senhor Deus, como alguém que foi perdoado e salvo. Por favor, utilize-me na obra que expressa a Vossa vontade!”