EXTREMOS

Viver é a condição natural mais extraordinária em todo o universo, cuja exposição a outras pessoas, coisas e condições fundamenta o convívio, que pode fluir com equilíbrio, ou, permeado de complicações voluntárias e impostas.

Conviver na vida é o fator determinante na decorrência de nossa experiência pessoal. São imperativos os exemplos domésticos de um lar funcional e da observância de uma crença espiritual nos moldando desde o início de nossa infância. A educação escolar não exemplifica, mas instrui, sendo um fator organizador e complementar no pensamento inato, formativo educacional e social do infante. Privilegiada a criança cuja formação é norteada com referências positivas e companhia qualitativa!

É comum ouvirmos “No meu tempo as coisas eram diferentes!” Em qualquer tempo da história humana, toda dinâmica operante tinha a equivalência mediadora do desenvolvimento cultural e científico existente. Sempre houve diferenças, oportunidades, bem-estar e infortúnio, o bem e o mal. Foram as pessoas que geraram as divergências! Mas, ao longo dos tempos, houve pessoas mais esclarecidas que buscaram o bem comum através de obras literárias, invenções estruturais e a disseminação da palavra esclarecedora da ordem natural das coisas, até o sacrifício de suas vidas em prol da afirmação de sua confiança na fé e em outras convicções.

O passar do tempo e suas inovações, revoluções nas relações sociais, nacionais, geopolíticas, científicas e tecnológicas geram novas oportunidades, experiências e sofrimentos. Atualmente, somos recipientes de novas dores existenciais motivadas pelos avanços na construção do conhecimento acentuando o modernismo que proporciona novos mecanismos, maior produção, trabalho, riqueza, melhor nutrição e saúde, também, desequilíbrio financeiro e desigualdade econômica, domínio em oposição à sociedade, desemprego, dependência e inquietação social, endemias e sofrimento.

Novas tecnologias alteram a maneira como trabalhamos como pensamos e funcionamos num ritmo mais ágio do que nossas expectativas e sonhos podem acompanhar, nos levando a uma depressão e crise de vazio existencial.

A indústria, com a integração da internet alterou drasticamente a composição de nossa sociedade e os meios de nossa produção, criando uma superprodução, que também se aplica aos nossos avanços tecnológicos, gerando mudança climática e desigualdade de renda, modificando o caráter de nossos empregos, de nossas vidas profissionais e pessoais intercorrendo na mesma proporção e importância da internet, tornando a distinção constantemente mesclada entre as duas.

A crescente miséria social no outro polo da sociedade é uma reflexão da acelerada expansão de riqueza da classe financeira, cuja concentração de fortuna aliada ao desvio de recursos estatais necessários para lidar com os problemas mais básicos infraestruturais físicos e da população, como ocorreu recentemente, tem imensas implicações sociais na saúde, moradia, educação e os problemas sociais.

Independente das legendas e retóricas usadas seja de direita ou de esquerda, a política de qualquer governo e partidos capitalistas, são orientadas pelos interesses da classe dominante em obter um enriquecimento cada vez maior, determinando a economia.

A impossibilidade da reforma social para garantir que todas as pessoas recebam os rudimentos básicos de nutrição, saúde e educação motiva a revolução social, na tentativa de diminuir o domínio financeiro de interesses sociais definidos que impõem a obtenção de apoio de partidos e políticos, controla todos os mecanismos do poder estatal e tem à sua disposição não apenas os tribunais e parlamentares, mas, ainda mais rigorosamente, a polícia e as forças federais, tornando a democracia subjacente ao capitalismo num búzio vazio, cujos recursos se originam do labor da classe social trabalhadora produtora de toda a riqueza da sociedade. Podemos facilmente imaginar qual seria a reação governamental e as consequências sociais e jurídicas para qualquer ação popular que buscasse uma realocação modesta de recursos sociais.

Tal desnivelamento social fundamenta o pensamento baseado na propriedade comum e no controle democrático das forças produtivas com coordenação racional e planejada da vida econômica da sociedade, uma concepção considerada de caráter anarquista e socialista por parte do poderoso e dominante monopólio financeiro.

Todos sabem que o controle do crescimento no mercado de ações é planejado pelos bancos centrais dos países e liderados pela Reserva Federal dos Estados Unidos da América, possibilitando à classe capitalista recuperar suas perdas e aumentar sua participação na riqueza e renda financeira, como ocorreu durante a crise de 2008, através de resgates bancários e na infusão de quantias vultosas de dólares nos mercados financeiros através de taxas de juros baixas e ações de impressão quantitativa de dinheiro, obviamente mais voltados à economia norte-americana, mas globalmente propícia.

Entretanto, observando os acontecimentos na atualidade, podemos antecipar que a ineficiência social do capitalismo irá chocar-se com as inovações tecnológicas geradas pelo próprio sistema econômico que busca a posse e o lucro, que resultará num padrão mais eficiente de organizar a produção, a distribuição e a cultura.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 27/04/2020
Reeditado em 29/04/2020
Código do texto: T6930525
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