O silêncio que abranda a alma.
Quando descobri que o mundo era um caos, passei a perceber pessoas egoístas, orgulhosas, oportunistas, prepotentes e preconceituosas. Por mais que a razão me rogasse paciência, eu sempre estava a reclamar, não conseguia me calar, entrava na mesma sintonia das pessoas que emanavam ódio e rancor. Aos poucos, percebia o quão me tornava só mais um a fazer barulho, pior, sem perceber, me tornava alguém igual a quem eu tanto repudiava. Por mais que tentasse mudar, nada mudava, o caos continuava a aumentar e quanto mais barulho fazia, mais sufocado me sentia. Até que um dia parei de reclamar, o mundo continuou o mesmo, exatamente o mesmo, as pessoas ainda continuavam egoístas, rancorosas, preconceituosas, oportunistas e tudo mais que possamos imaginar, mas não o "meu mundo". Hoje, me sinto mais leve e durmo melhor. Escolhi me calar, porém não confundamos silêncio com ingenuidade, tampouco desconhecimento de causa. Continuo a saber quem é quem e o que cada um pensa, apenas percebi que não vale a pena perder tempo para dar voz a uma suposta razão ignorada por quem não a quer. O bom senso sempre pede reflexão, e na maioria das vezes, quem pensa duas vezes, se cala. É quando percebemos que uma voz só faz sentido se soprada aos ouvidos dos que estão na mesma sintonia, de resto, que prevaleça o silêncio e sua profunda leveza. Há duas sábias frases que provocam reflexões bem interessantes sobre esse tema, a primeira nos diz: "Se a palavra é prata, o silencio é ouro", a segunda, um pouco mais profunda: "Mais vale se calar e deixar que as pessoas pensem que você é um completo idiota, do que falar pelos cotovelos e acabar, de vez, com a dúvida delas".