Não escrever é perturbador

Essa dor no corpo todo, essa tontura, esse medo engasgado na garganta, tudo isso é abstinência. Abstinência de ser o que nunca foi. Tudo culpa dessas histórias que teimam em brotar, brotar, brotar.

As minhas histórias não foram escritas, elas saltam na minha cabeça, quer dormindo ou acordada. O que farei eu para escrever meus romances?

Eu escrevo na areia da praia.

Escrevo na árvore com estilete.

Escrevo um bilhete na geladeira.

Escrevo até uma nota mental.

Mas, céus, essa minha sede verdadeira, é de fazer jorrar de dentro de mim tudo que já está aqui, ameaçando transbordar. É possível morrer sufocada por histórias não contadas? Onde vão parar as histórias que não escrevemos? Eu não sei, mas elas não cansam de me importunar.