O APOCALÍPTICO CORTE DE GILETTE

20 de abril de “Looping-no-Tempo-Espaço”

03h15min

Já passam das três da manhã e eu sinto cheiro de gás. A comida esquentando nem chega mesmo a ser uma “COMIIIDAA”… É apenas UMA batata que eu estou cozinhando com água e sal. Pra mim é o mais delicioso que se pôde “inventar”. Meus olhos estão semicerrando e logo, logo… vou desmaiar na metade de um livro. Me lembro que gostava de me imaginar aqui no quarto, seguro enquanto o mundo passava por algum tipo de colapso apocalíptico de filmes de horror ou ficção científica. Eu me pegava imaginando que minha casa era uma espécie de lugar isolado do caos.

Agora meus devaneios vem se tornando reais e o mundo lá fora anda tirando meu sono. Eu era insone, isolado, antissocial “anti-milhares de coisas” e era divertido pensar que estava escolhendo ser uma voz solitária no meio duma multidão de viciados em proximidade.

A realidade é está sendo um corte de gilette enferrujado, numa pele imersa em água com alho e sal grosso. Leprosa, diabética, necrosada… apodrecida.