Onde habitam os espíritos?

Como somos espíritos imperfeitos, em evolução, entre as nossas imperfeições consta a arrogância. Com o tempo, haveremos de deixá-la para trás, como um fardo a menos a carregar. Não há dúvida que somos importantes ao nosso Criador - e amados por Ele com um amor que ainda não temos capacidade de dimensionar -, mas daí a acharmos que nos constituímos nos mais importantes - e únicos! - vai uma grande diferença. Na Criação Divina não existem privilegiados, muito menos obras desnecessárias - tudo tem razão para existir e serve a propósitos previamente estabelecidos.

Estamos atualmente residindo aqui, no planeta Terra. É um planeta lindo, composto de tudo que é necessário para que possamos desenvolver as nossas aptidões e avançarmos no processo evolutivo no qual estamos inseridos - o nosso destino é a pureza de espírito, a qual será alcançada quando estivermos livres de todas as mazelas íntimas que carregamos e tivermos adquirido as virtudes que nos deixem em conformidade com a Lei de Amor que nos ensinou Jesus, o nosso Mestre, Irmão e Amigo Maior. Ele também passou por todo este processo, não foi por acaso que alcançou a grandeza espiritual que possui - não se utilizou de qualquer privilégio, porque Deus é Justiça Plena. Jesus passou pela trilha evolucional, passo a passo, até atingir a Pureza Espiritual - como todos, um dia, por merecimento, atingiremos. Estamos distantes disso, com certeza, mas prossigamos firmes e animados, lembrando-nos que muito já caminhamos até aqui - muito mesmo!

Quando anteriormente mencionamos que não existem obras desnecessárias e/ou sem propósitos na Criação, nos referimos aos vários planetas, aos vários mundos que nos cercam - distantes ou próximos -, os quais existem não apenas para que os contemplemos - o que seria um despropósito, evidentemente. “Há muitas moradas na casa de meu Pai”, certa vez disse Jesus. Os planetas servem de morada, de habitação, de locais onde mais e mais criaturas de Deus possam avançar evolutivamente. Os espíritos, como seres mais adiantados na escala, vivem experiências e novos aprendizados em mundos compatíveis com a sua posição, com o seu nível de intelectualidade e de moralidade. São agrupados em orbes onde todos possuem faixas vibratórias semelhantes e, conforme forem progredindo, adquirem o direito de viver em mundos onde os seus habitantes estejam em melhor estágio evolutivo. De acordo com a “qualidade” do espírito corresponderá a “qualidade” dos demais que ele terá que conviver, no planeta a eles mais adequado. Estamos todos, portanto, no lugar certo e no tempo certo. A nossa melhora individual colabora na coletiva e, por consequência, no próprio nível planetário. Cada um tem a sua parcela de responsabilidade - reflitamos sobre isto.

Embora não possamos fazer uma classificação absoluta das categorias dos mundos habitados, Allan Kardec, através de informações advindas do plano espiritual, nos oferece uma que nos permite uma visão geral sobre o assunto. Vejamos, a seguir, como podem ser divididos os mundos, na mais clara elaboração textual que encontramos.

Mundos primitivos - Nos mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana, a vida, toda material, se limita à luta pela subsistência, o senso moral é quase nulo e, por isso mesmo, as paixões reinam soberanas. A Terra já passou por essa fase.

Mundos de expiação e provas - Nesses mundos o mal predomina. É a atual situação da Terra, razão por que aí vive o homem envolvido com tantas misérias.

Mundos de regeneração - São mundos em que as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta.

Mundos ditosos ou felizes - São os planetas onde o bem sobrepuja o mal e, por isso, a felicidade impera.

Mundos celestes ou divinos - São as habitações de espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem, visto que todos que aí vivem já alcançaram o cume da sabedoria e da bondade.

Mais uma vez, temos a oportunidade de ressaltar o quanto é magnífica a obra Divina - tudo perfeitamente elaborado e organizado lógica e harmoniosamente. Lembremo-nos que é bem pouco o que podemos, por agora, entender. Busquemos a instrução, façamos o nosso melhor e avancemos - sempre!

Estes esclarecimentos nos são trazidos pela Doutrina Espírita, codificada pelo educador, escritor e tradutor francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869), o qual é conhecido pelo pseudônimo de Allan Kardec.