O SORRISO DA SALVAÇÃO

Era uma vez, um grande vilarejo cristão que assiduamente louvava ao Senhor; localizado estrategicamente entre a província da Perdição e da Salvação, a comunidade servia como rota exclusiva para o trânsito entre as províncias.

No entanto, os mais velhos sempre advertiam que as pessoas que vinham da rota Perdição-Salvação eram dignos de serem bem acolhidos e orientados, embora estivessem cansados e desnorteados da longa viagem que fizeram; quase sempre lhe faltavam mantimentos e isso era motivo de muitos questionamentos, sendo a grande razão para a maioria voltarem à Perdição – lá poderiam reabastecer as energias deleitando-se em grandes banquetes e festas diárias, costume da sociedade local – mesmo assim estavam sempre se questionando e exigindo cada vez mais festanças! Eram bem sisudos mesmo.

O pessoal da Salvação era muito simples, suas comemorações eram voltadas a um tal de “Jesus” e muitos pareciam loucos ao falarem que suas vidas deveriam ser pautadas na vontade de seu Pai! Todavia, o pessoal da Perdição sempre se perguntava quais as razões da Salvação produzir os sorrisos mais lindos do mundo – o que fazia toda essa gente mesmo com tão pouco lutando bravamente e alegremente? Era a porta de entrada para a grande viagem Perdição-Salvação.

Em um período de inverno, o rio que cortava todo o vilarejo entre as duas províncias tornou a se inundar e todos os cristãos do local se reuniram com o intuito de fecharem as entradas; inclusive levantando a ponte que conectava o vilarejo com a Salvação. Em oração, decidiram manter a ponte estirada, mesmo tendo ciência que poderia ser danificada!

Eu estava lá, vi muitas pessoas revoltosas nesse grande período de dificuldade que tivemos – rapidamente fizeram suas malas e foram rumo à Perdição, disseram-nos que só voltariam quando tudo estivesse bem! Nos reunimos no grande templo do vilarejo e ficamos esperando os viajantes remanescentes chegarem.

Curiosos, nos perguntaram: “por quê ainda mantêm tudo funcionando? Vocês podem ficar sem mantimentos e comunicação com outros povos!”. Nós apontávamos em direção à Salvação e dizíamos “para aquelas pessoas, que vale mais: produzir grandes impérios e riquezas ou disseminarem amor e partilharem de uma fé que transcende esta vida?” E, então, os viajantes sorriram pela primeira vez.