Por que o amor morre?

“E foram felizes para sempre”. Essa frase tantas vezes repetida em contos de fadas, tantas vezes, também, arrancou suspiros de muitos leitores embriagados com a bela história do casal que derrotou os inimigos e agora está rendido a uma eternidade de amor e alegria. Mas na vida real a eternidade não acontece dessa maneira mágica e fantasiosa, na vida real viver uma história de amor duradoura, cujo final só vem com a inevitável separação da morte, implica em situações de intensa dificuldade, com o investimento de incalculáveis esforços. O amor não é essa coisa imaginária cheia de flores, o amor é um guerreiro que luta contra as adversidades a fim de florescer.

Infelizmente muitos não entendem essa verdade e não lutam por esse sentimento que um dia os fez jurar um amor eterno, que um dia os fez sonhar com um futuro suave e romântico, ignoram todos esses desejos e, além de matarem os próprios sentimentos, matam também os sentimentos dos outros. Sim, é isso o que acontece por não saberem amar, por não regarem dia a dia esse sentimento que funciona como uma bela flor, se não for cuidada rotineiramente murcha, perde a cor, as folhas e a vida. O amor precisa ser mantido. E não é com descaso, com desdém, com falta de companheirismo e compreensão que o amor sobreviverá. Quem se dispõe a amar, quem se dispõe a viver um romance, precisa desprezar o próprio egoísmo e entender que além do seu mundo há o mundo do outro, que além das suas dores há a dor do outro, que além das suas vontades há a vontade do outro.

Contudo, alguns insistem na prevalência de seu “eu”, na prevalência de seus anseios e não juntam as escovas, como dizem por aí, antes colocam a sua sobre a do outro. Não há sentimento que resista ao descuido, à desmotivação para que floresça e encante. E, uma vez acabado, desnutrido e negligenciado, o amor não ressuscita, ele não nasce outra vez, nem com uma intensidade menor. Quando o amor se transforma em desilusão, em decepção, na melhor das hipóteses surge o desinteresse, mas o pior pode acontecer, ele pode se transformar em um ódio que talvez não seja violenta, mas que com certeza garantirá desprezo a quem não soube valorizá-lo, e o desprezo é uma arma poderosa.

Se você é daqueles que antes detinha o apreço de alguém em mãos, mas que agora o está perdendo, não culpe a outra pessoa, não transfira uma responsabilidade que pode ser sua ao outro. Se você já perdeu esse amor espero que tenha aprendido e não cometa o mesmo erro se for agraciado pela aceitação de outro alguém.

O para sempre não existe, mas o amor pode ser bom enquanto durar, as pessoas apenas precisam aprender a amar o que implica em aprender a acolher, a ouvir, a compreender, a esquecer um pouco dos próprios desejos e ajudar o outro a alcançar os seus sonhos. Se você acha que só a sua existência importa é bom que não iluda ninguém com suas palavras sedutoras, você não sabe amar nem é digno de ser amado.

< Texto de @Amilton.Jnior >