CAPITALISMO x COMUNISMO, A ILUSÃO DO MAYA

Aquilo que à gente do mundo sensorial parece ser real e verdadeiro, para o sábio é ilusão: e aquilo que a maior parte dos homens julga ser irreal e não existente, o sábio conhece como o único que é Real e existente. (Bhagavad Gita – II-69)[1]

Vivemos um momento que me parece sustentar a teoria da filosofia hindú de que nosso mundo visível, que percebemos como “real”, não passa de mera ilusão.

A ilusão de que o mundo é dual, de que existe o bem e o mal, e que, para alguns, vivemos a briga entre capitalismo e comunismo. Em ambos os modelos, podemos ver tiranos, desigualdade e injustiça social. Às vezes me parece que a guerra fria não acabou, apenas mudou de meios. Enviar bombas atômicas não é a saída, uma vez que não sobraria muita coisa no mundo para se explorar, ou grandes vantagens para o eventual vencedor. Então, por que não usar a (des)informação, agora globalizada?

Dividir as opiniões pode ser uma estratégia interessante para enfraquecer as massas.

O que nem todos percebem é que tanto o capitalismo quanto o comunismo não são os ideais daqueles que dominam o mundo, cada qual de seu lado. O objetivo é o controle econômico mundial. Ambos os lados promovem desigualdades sociais e ambos se movem por paradigmas perigosos e com fim previsível: a exploração.

Não importa se a nação é capitalista ou comunista, sua economia depende do crescimento para que sobreviva. Um país que deixa de crescer, precisa aumentar suas fronteiras para novos mercados, pois, ainda que seja grande, se não houver crescimento, as consequências são o colapso social.

Toda a teoria econômica parece trazer em suas raízes o pensamento que moveu o homem até a era industrial, ou seja, o mundo é infinito e a exploração de seus recursos deve ser o principal objetivo de qualquer líder de nação.

Mas, o planeta é um só, tem limites, assim como os recursos. Essa é uma verdade facilmente constatável, por ser lógica. A população mundial aumenta, os recursos planetários não.

A situação somente tem duas saídas: buscar novos planetas para exploração ou eliminar parte da população.

Qual a saída? Um novo modelo econômico que não se fundamente na exploração irresponsável.

Um modelo que permita melhor distribuição de renda e elimine a especulação, tanto econômica quanto social e quanto do meio ambiente.

Talvez uma “eco”economia, que use o conhecimento desenvolvido com a ecologia para aplicar às relações sociais, entendendo que estamos chegando aos limites planetários e que podemos viver dentro dessa realidade, desde que sob novos valores.

Mas, a história nos mostra que não existe mudança de modelo econômico sem que ocorram crises e guerras, isso porque, enquanto houver quem ganhe nesse modelo atual – sempre existem aqueles que ganham no modelo contemporâneo – esses, que são os mesmos que possuem o poder maior em suas mãos, não deixarão suas condições favoráveis por altruísmo.

Acreditar na falácia atual nos leva a três enganos:

1 - acreditar que o capitalismo é sinônimo de democracia e liberdade e que o mercado é o deus que tudo resolve;

2 - acreditar que o comunismo trará distribuição de renda e justiça social;

3 - preferir boatos, misticismos, teorias populares e notícias falsas à ciência e aos fatos históricos.

A luz da sabedoria está obscurecida pela fumaça da ignorância, e o homem ilude-se com isso e pensa que a fumaça é a chama, não podendo enxergar esta atrás daquela.

O mundo dos homens está sob o domínio da ilusão; essa ilusão e muito forte, e tão denso é o seu véu, que é difícil aos olhos humanos penetrá-la. (Bhagavad Gita VII-14).

No meu entendimento, vivemos o Maya, acreditando em ideologias extremistas e duais, enquanto as causas, a verdade, passam-nos despercebidas.