Quer salvar a família?

Algo que tenho observado e que tenho por triste observação é um fato que talvez muitos nunca tenham imaginado, que nunca tenham acreditado que viesse a ser a nova realidade da espécie humana, essa espécie que para crescer e evoluir precisa do aprendizado que só a convivência em grupo garante, que para viver e se manter vivo depende em diferentes níveis do contato com o outro. Os pais têm terceirizado a criação de seus filhos e isso me assusta.

É claro, não são todos os pais e, mais claro ainda, não quero ter por maldade tal comportamento, mas fato é que antigamente muitos se sentavam com os seus filhos e os ajudavam a aprender a tabuada, a soletrar o alfabeto, a fazer as tarefas escolares, assistiam a filmes junto com os pequenos, jogavam futebol em uma tarde ensolarada de verão. Mas hoje, hoje o que vemos em tantos lares e que assusta é que ao invés de ensinarem a tabuada, os pais acionam o “milagreiro” YouTube que fica responsável por essa tarefa, esqueça as tardes de diversão no parque, hoje largam o celular nas mãos de uma criança de três anos para que ela dê “sossego” jogando ou assistindo a filmes e desenhos solitariamente.

Depois reclamam quando não conseguem reconhecer seus próprios filhos. Será que os filhos conseguem reconhecer aqueles que aprenderam a chamar de pais?

A culpa não é dos avanços tecnológicos que em muito facilitaram o nosso cotidiano, a culpa é nossa por substituirmos algo tão importante quanto às relações humanas de carne e osso pela superficialidade do universo virtual que é vazio de sentimento. Você não precisa (nem pode ou deve) abolir a tecnologia da sua vida, mas será que ela não pode servir como aliada na hora de fortalecer nossos vínculos afetivos com as pessoas que amamos? Ao invés de deixarmos nossos filhos a sós com o “professor” YouTube por que não nos juntamos a eles para que juntos tenhamos um momento de aprendizado? Ao invés de entregá-los para a “babá” Netflix não seria mais proveitoso darmos juntos boas gargalhadas, quase engasgando com pipocas, enquanto assistimos a uma maravilhosa comédia? Nossas famílias têm se enfraquecido e não é por uma questão alheia a nós, a fraqueza, o distanciamento e a frieza têm partido de dentro de nós mesmos. Quer salvar a sua? Não negligencie o amor que ela merece, nem subestime o carinho que ela precisa, entregue-se por inteiro, faça sua presença ser sentida.

< Texto de @Amilton.Jnior >