TEMPO PARA DIGITAR, FADIGA PARA LOUVAR
O dia começa ensolarado, ouço pássaros a cantar e checo meu telefone para responder todos os meus amigos – aproveito e envio para cada um as tirinhas que mais amei na noite passada enquanto navegava pela internet; enquanto interajo com todos, ligo a TV e ouço a moça do jornal falando de números, ministros e mais números... se eu vou conseguir processar tudo isso, pouco importa! É preciso estar bem sintonizado com tudo ao meu redor! O que para mim, se torna um paradoxo – somos movidos pelo impulso.
“Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.” – Mateus 24:35
O dia mal começou e já me sinto cansado, como se em minha mente eu tivesse feito milhões de cálculos por segundo quando nem sequer abri a boca. Me levanto da cama e sinto falta de fazer algo... de repente, recebo uma notificação de um amigo de longa data e, enquanto tomo uma deliciosa xícara de café, relembramos do tempo do colegial, dos amigos e das travessuras que fazíamos. Recordo-lhe do dia em que não tivemos aula e assistíamos a inúmeros filmes e jogávamos conversa fora.
Pois bem, olha a hora! É preciso pôr as séries em dia; e como um feitiço dos maiores produtores cinematográficos, não posso deixar para depois um final tão enigmático. “Próximo episódio já!” – digo. A cada intervalo para responder meus amados amigos, tenho vagos flashes de algo importantíssimo a se fazer, porém sempre algo me distrai. Em consequência, passo longas horas enfurnado em uma tela e já é hora de jantar.
Como uma máquina, cada colherada funciona como combustível para meus dedos incontroláveis que mandam mensagens para dezenas de pessoas; encho o peito e digo: hoje fiz tantas coisas! Eu conversei com novos e antigos amigos, fiz maratonas de minhas séries e filmes prediletos!
Meu coração ainda pulsa para dizer algo, como um escravo amordaçado que precisa trabalhar o dia inteiro para cumprir atividades que não lhe interessam – são palavras de socorro; meu espírito se empobrece tendo que estar imerso em risadas e histórias fantasiosas que nada lhe agregam – ele deseja revisitar boas verdades. A noite cai e quando deito lembro que na noite passada, prometi a mim mesmo que louvaria mais a Deus no dia de hoje – agora enquanto minhas retinas já desfalecem, meus dedos dão boa noite a todos, menos para Deus.