Solidão voluntária
Eu particularmente aprecio o que nomeei de “solidão voluntária”, que pra mim nada mais é que estar sozinho por querer estar, por querer um tempo sem ninguém além da gente. Talvez eu esteja totalmente equivocada em me expressar desse jeito ou em apreciar o terror da maioria das pessoas, mas podem me crucificar por isso.
Nas últimas semanas eu venho me perguntando até onde o medo de estar só nos leva a aceitar situações desconfortáveis, relacionamentos que já não existem mais ou engolir sapos por medo de ficar sozinho. Acho que esse medo surge quando a gente já está assim (sozinho, no caso) e é muito difícil aceitar a situação; por exemplo, é estranho que num relacionamento a gente sinta como se a muito tempo tivesse acabado ou então que está caminhando pra isso, é muito difícil aceitar que a gente sente solidão mesmo acompanhada de outra pessoa que por tempos foi o motivo de não deixar que sensações assim existissem. A todo momento existe um nó na garganta graças à diversas coisas que a gente quer colocar pra fora e não consegue, talvez por medo das consequências, por medo da reação negativa ou quem sabe por medo de no fim de tudo estar realmente sozinho.
As vezes é muito mais fácil ter alguém do lado (mesmo que no fundo a gente sinta como se não tivesse) pra enfrentar algumas realidades que talvez sem a outra pessoa seriam insuportáveis, ou talvez não, porque a gente nunca tentou.
A gente tem medo de estar somente com a nossa companhia, afinal, estamos num mundo onde as relações interpessoais vem sendo valorizadas ao extremo. Da medo de parar de olhar pra dentro da gente, parar pra refletir como nós somos quando não tem ninguém além da gente.
Isso tudo nos leva a sair numa constante busca por alguém que demonstre o mínimo de interesse nos nossos dilemas internos e eu falo isso por experiência própria; mas por que tentar achar alguém pra nos dar um pouco de conforto quando ele deveria partir primeiramente de nós ?
Eu queria poder dizer que no fim alguém de fato está preocupado com a forma que a gente se sente, mas não é isso que eu acredito.
As duras realidades são mais fáceis de ser enfrentadas quando compartilhadas com outra pessoa, mesmo que de forma superficial e usando-a na maioria das vezes como válvula de escape pra nossa falta de consolo próprio.
[Pensei e repensei várias vezes se postaria esse texto devido a minha confusão de pensamentos e se era algo necessário a se fazer, mas senti que sim. Todas as vezes que escrevi “a gente” não estava falando de ninguém além de mim mesma, mas generalizar é a minha forma de externas sentimentos e pensamentos reprimidos. Tenham uma boa leitura].