A alma e a faxina necessária

Nesse período de isolamento, estamos todos às voltas com as faxinas da casa. Mas bom mesmo é usar esse tempo de isolamento para a faxina da alma.

Ter coragem para vasculhar todos os cantinhos da alma, sentar no chão, respirar fundo, olhar para dentro e fazer as escolhas do que fica e do vai embora. Descartar o inútil, curar memórias, fazer a assepsia do coração.

Jogar direto no saco de lixo os restos do amor que magoou. Pegar as palavras de raiva e de dor que estão na prateleira de cima e que não servem para nada e jogar fora também. Tirar do fundo das gavetas lembranças que só machucam. Jogar fora pensamentos indesejados.

Desinfetar da vida, para sempre, as pessoas invejosas, ácidas, mal-humoradas e pessimistas.

Manter nas gavetas os sonhos, mas jogar fora as ilusões. Passar um pano no ego e deixar a autoestima brilhando. Olhar para os sorrisos futuros e alegrias pretendidas e colocá-las bem arrumadinhas na gaveta do “onde eu quero chegar”.

E ir lá naquele cantinho onde a gente guarda o amor, a alegria, a esperança e a fé , relembrando que eles sempre estarão lá, apenas se embolam às vezes com tanta coisa ruim e inútil que misturamos a eles.

É preciso colocar perfume na esperança e passar um paninho na prateleira das metas e sonhos, deixando-os à mostra, para não perdê-los de vista.

E deixar pendurado bem à nossa frente a certeza de que viver dá um trabalho danado, mas a força de dentro é maior. Maior que todos os ventos contrários.

E se desejamos um novo amanhã, a faxina da alma é sempre necessária. Porque para dar lugar ao novo é preciso lançar fora o velho. Por dentro e por fora.

Texto de autoria da Magistrada do RT6 Dra Roberta Araújo