MANIFESTO
Sendo o óbvio a própria face da realidade, concorrendo para que o nosso julgamento das pessoas e das coisas seja correto, sábio e fundamentado, seria meramente a ausência de atenção na maioria das pessoas, a causa direta de não ver o óbvio no comum?
Apesar de olharmos o mundo de modo antropocêntrico contemplando e pensando as coisas em termos de causas, propósitos e maneiras naturais de ser, o mundo como conhecemos é estruturado em coisas submetidas às leis da natureza, como matéria, obedecendo à regras, em vez de perseguir causas finais e servir a propósitos subjacentes, porque o universo está tolhido no encadeamento irredutível de um padrão inquebrável, o que não significa que a vida seja desprovida de propósito e significado.
Parece que o óbvio é mais bem disfarçado em si mesmo como um vislumbre instantâneo despercebido da visão intercambiando com a cegueira temporária, causando a maioria das pessoas a não enxergar o evidente no ordinário. É possível que o piscar de olhos provoque uma breve interrupção na visão mais ampla do que acontece simultaneamente ao nosso redor, aliado a nossas suposições incorretas que podem inibir e impedir nossa capacidade de percepção visual causando um ponto cego mental? Ou, seriam nossos olhos escondendo de nós as coisas que nosso coração não quer ver, nos expondo ao risco, ao prejuízo e ao desapontamento? Pois, o imperceptível, nos torna vulnerável e pode até governar nossa vida. O que acreditamos ou não, pode nos prejudicar.
Em contrapartida, às vezes, é algo que estamos procurando, ou, o que alguém nos mostra bem na frente dos nossos olhos. Ainda assim, não vemos a coisa da maneira como é referida. Simplesmente não parecemos registrar o que nos é mostrado e descrito, causando surpresa e descrença no interlocutor, ou pensamos que a percepção da pessoa é confusa. Algumas coisas ao nosso redor parecem se dissolver no cenário maior, amplo demais para expor e aparentemente grande demais para falhar, pois, coisas quietas desvanecem-se da atenção. Assemelha-se a não sentirmos o cheiro de cigarro num lugar onde moramos, por estarmos acostumados e considerarmos normal.
Filtrando nossas percepções sempre em mudança, o poder das crenças limita o que podemos ver ou não perceber. Contudo, devemos nos acautelar de nossa descrença para nos auxiliar a contemplar novas possibilidades. Pois, se não acreditamos, não veremos. Entretanto, muitas vezes é realmente a crença que possibilita a visão.
O que está acontecendo hoje em todo o mundo, nos faz pensar em como Deus trabalha. Como aprendemos do Antigo Testamento e durante o tempo de Jesus na Terra, quando houve intervenções divinas diretas e muito evidentes de natureza épica na realidade, para muitos é um conto de fadas. Muitos não percebem milagres acontecendo hoje! Nossa própria tênue existência é um milagre extraordinário! Quando pessoas de confiança na fé se reúnem é um milagre da perpetuação da crença em Deus. Todos os dias, pessoas quase cegas recebem visão através de transplante de córnea, e pessoas clinicamente consideradas mortas recebem uma nova oportunidade de viver por meio da reanimação cardiopulmonar, apesar de tais feitos não se igualem aos milagres operados por Jesus. Contudo, pelo dom da consciência humana, milagres acontecem todo o tempo ao nosso redor!
Atualmente, muitos são afastados da fé e não aceitam as afirmações históricas da Bíblia pelo valor de face. Além disso, o milagroso não é o que, segundo os padrões de hoje, acontece em templos e assistimos pela televisão, onde guias espirituais realizam atos aparentemente especiais de maneira regular e previsível, que consideramos normal, pois, apenas nos acostumamos a vê-los pelo que são. Contudo, a presença do sobrenatural, por mais impressionante que pareça não basta para indicar que uma mensagem ou ato é realmente proveniente de Deus. Demais, não devemos validar a nenhum mensageiro que leve a uma divindade diferente do Deus de Abraão. O ser humano presenciou e sentiu o milagre da Ressurreição que dividiu a história amanhecendo a era do renascimento, assegurando o futuro para a vida eterna.
Esse vírus da COVID, é algo racionalmente aparente e facilmente observável, que sabemos como evidente comprovado por nossa razão, mas de forma impiedosa permanece escondido de nós abaixo da nossa limiar, ampliado imensamente em proporções, ou significado fora de nossa compreensão, que por várias razões ainda não podemos entender ou evitar seus danos, cria um espaço estreito na percepção e julgamento humano com parâmetros limitados em sua amplitude, intensidade e natureza, nos tornando na medida de todas as coisas que concebemos.
Parece trivial afirmar que o óbvio está prontamente acessível à nossa atenção, sentidos ou ao nosso conhecimento credível, mesmo que seja importante demais para ver, e simples demais para entender. No entanto, essa evidência das coisas facilmente aceitáveis como óbvias precisa ganhar vida com a experiência da compreensão.
Esperemos que o Senhor ilumine a mente dos homens de ciência para que descubram uma vacina específica além do acompanhamento sintomático que nos traga a remissão dessa peste virulenta que ora assola o mundo e ceifa vidas.