Costuras das mãos

Linhas desiguais e contornadas

com um tom marrom

que dançam nas palmas de minhas mãos

como resposta de oração me dizem

que o que preciso vive em mim

e é assim desde já

Num ápice de solidão

olhei ao redor e foi assim

nada me restou, nada nos resta

e se com as mãos agarramo-nos

a coisas e pessoas

E ali já não há nem coisas, nem pessoas

e como eu disse...

“nada me restou”

olhei para minhas mãos e o que eu tinha

eram as linhas e as costuras nas falanges dos dedos

E elas me contaram

"Paraste de se ater ao que

faz sentido.

Pois é difícil olhar para o que é verdadeiro

e para o que não está presente na

maior parte das coisas que vemos "

Então percebo que essas linhas

estiveram sempre presentes,

mas como agora nada carrego

e nada há sobre a minhas mãos

posso ver que o que tenho é coisa alguma

a não ser esses traços

que dançam nas palmas de minhas mãos

e como resposta de oração me dizem

que o que preciso vive em mim

e é assim desde já.

Mirela Lourdes
Enviado por Mirela Lourdes em 05/04/2020
Reeditado em 05/04/2020
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