DOCES LEMBRANÇAS

DOCES LEMBRANÇAS

Eliana Duarte

Hoje acordei com uma enorme dor no peito... saudade da minha infância.

Sentei-me em minha cama e perguntei a meu Deus: "Senhor, por que esta saudade esta

doendo tanto?

Porque meus olhos teimam em

derramar lágrimas?"

Então uma luz me iluminou e clareou

minhas idéias.

É saudade da minha casa lá no interior

que eu morava quando era pequena,

da natureza que existia em frente,

de acordar com o canto dos pássaros,

de ver aqueles homens passarem em minha porta carregando os filhos em seus cavalos,

ou então na garupa da sua bicicleta,

crianças que nem sabiam o que era um videogame, ou um iogurte,

só sabiam que eram livres e corriam pelos campos sem medo de bandido,

sem serem corrompidas pela TV,

pelas drogas...

Ahh, quanta saudade eu sinto daquele tempo em que minha mãe fazia duas trancinhas

em meu cabelo me beijava no rosto e

mandava-me ir à escola; eu saia pelas ruas feliz, andava quilômetros a pé e ia

satisfeita, sem preocupações, sem os medos que sentimos hoje da violência.

Saudades da minha avó, tão linda, velhinha

e tão sabia, tão amável, tinha um prato

de comida para todos, uma palavra de

conforto e estava sempre a sorrir,

com aqueles olhos pequenininhos, que o

tempo se encarregou de diminuir, tão

expressivos... ahhh vovó naquele dia que te

deixei na tua morada eterna, quanta dor eu senti... queria te ter sempre comigo como naquele tempo.

Ahhh, minha casinha lá no interior... como

era gostosa. Tantas frutas, animais, espaço

para brincar. Como eu a amava. Apesar de não ter tanto conforto, tinha calor humano, meus avós que nada deixavam faltar...

como amei morar nela... como fui feliz...

Hoje acordei sentindo vontade de voltar, voltar, voltar... e lá ficar, de ter novamente

tudo aquilo e todas aquelas pessoas que tanto amo de volta, comigo.

O tempo é ingrato... leva tudo e todos.

Hoje só me resta lembrar e deixar

que estas lágrimas escorram em minha

face e aliviem minha saudade.

Eliana Duarte

11/10/07