EU, O SILÊNCIO E O QUARTO.
Eu, o silêncio e o quarto... sozinhos!!! Aqui, apenas e emissão suave e arejada da ventilação sobre meu reflexo; um ir e vir em única faceta trazendo ondulações a meus paupérrimos fios de cabelos quase calvos.
Tenho por companheira um sombreado que imita-me, erigida pela relutância de suster-se a luz, ora dizendo-me, porém, que há escuridade tão próxima de mim que dilacera-me como prisões.
Não tenho razões para destilar favos de mel com lábios umidecidos, ou mesmo de enrigecê-los com veneno infernal, aliás, a quem mais poderia dialogar a não ser com meu espelho? Que palavras poderia proferir ao âmago tão imerso de minha própria alma? Que farpas ou cicatrizantes deveria subjugar a consciência? Temo que a luz e as trevas se casem, qualquer dia desses, numa noite de núpcias.
Tenho aqui também, um leito confortabilíssimo que convida-me tão ardentemente a desfrutar de suas benesses. Mas a que irei? Irei como suicida tentar naufragar nas lembranças amargas crendo que amanheceria erroneamente no paraiso celestial?
Está perante mim, também, muros; Tapumes na verdade... apenas aguardando a obra que tanto esmero finalizar-se! Mas, oh! Que faria se a mesma fosse eterna se eternidade é presente contínuo!?
Eu, solitário que sou, do qual, compartilho dos vários eus dentro de mim, me emudeço perante a incompreensão das fortalezas inalcançáveis do não conhecido, que se quer sei, que lá está. Que profundidade sou eu! Mais que todas as gotas que o oceano formam, mais que os tempos conhecidos da humanidade, mais inacessível que as mãos são para as nuvens...
Eu, o silêncio e o quarto...Temos muito que nos conhecer!