O toque e a falta dele

Tem me pegado desprevenida não poder sentir o que mais me atrai, o que me suspende. Tenho me sentido leve e pequena na presença do nada na altura do vazio que de bom nada me traz. Tenho suspirado angústias, temores e lamentos que só carrego comigo e com a outra parte de mim que insiste em me alertar que de tudo nada posso. Ando tentando me desprender do apodrecimento que vem se desvencilhando cada vez mais do meu pequeno eu. Meu eu perdido, abandonado, confuso, cansado, triste e demasiado demais de tentar. Mas preciso tentar, eu preciso me permitir permanecer viva porque é assim que funciona. Um fardo no qual não mais me pertence.

Preciso do toque, do carinho, do amor, preciso sentir e sentir por igual, tudo na mesma proporção como eu. Preciso que me toquem nesse momento em que não se pode ser tocada, quero ser sentida, arrepiada, entrelaçada. Quero que toquem meu ombro, meu rosto, minha mão, meu corpo, minha alma. Quero ser tocada como quem está prestes a ir embora, porque eu sinto que estou.

Nenhum toque a mais.