Devaneios
Uma mala. Uma moça. Um desvio.
Ela pega suas coisas e vai embora. Nunca mais.
Este nunca mais é um nunca mais mesmo não um talvez.
Muitas vezes não temos coragem. Ela tem.
Muitas vezes pensamos que o certo da vida é se fixar.
Na verdade, são os nossos pontos de crise que nos levam para frente.
A rotina, os maus hábitos, o nosso conforto. Só nos acostumam.
A crise, ela, inegavelmente, nos faz ansiar por ver algo maior que o chão.
Acreditou que podia ser corajosa, acho que foi a primeira vez.
E tem pago o preço, ainda que no choro, de se pertencer.
É impressionante como os olhos nos veêm como objeto de suas próprias metas.
É engraçado como não nos veêm.
O que é a vida? O que vale realmente a pena?
Fazer o que se quer e se gosta é o suficiente?
Há algo além de aceitar o posto?
Existe um caminho que se quer, ansiosamente.
Mas não se sabe qual é?
O que é o querer?
Se pertencer é muito grave, dizem.
Querer é muito grave, pensa nas possibilidades que sonhamos para você.
É impressionante como ela aceitou, mas agora, não mais.
É um terror enfrentar o desconhecido só
Mas a ironia é que estar só e fazer o que outros desejam, não é estar menos só.
Trair-se tem um preço muito alto.
A vida cobra.