O nascer do sol no coração

Eu nunca fui bom

com metáforas sobre amor,

daquelas que usam o som do vento

e comparam com sensações corporais,

ou as estações do ano

para falar de sentimentos,

ou tantas coisas desse tipo.

Mas, sei que já é manhã lá fora,

sei porque sinto

os pedacinhos de luzes

que insistem em existir

no meu quarto escuro,

e, que aos poucos,

aquecem meu coração.

O amor é justo essa sensação.

Vai entrando aos poucos,

mexendo com as emoções,

tomando de conta.

Quando menos esperamos,

ele já nos consome por completo,

assim como a luz lá fora

que vai dominando o céu

e toda a existência terrena.

Mas, assim como esse ciclo natural,

essa luz também vai apagando,

e um dia podemos perceber

que já é noite aqui dentro do peito.

É quando o amor morre

e na calada da noite,

sob a luz do luar,

tão minimalista,

vamos nos refazendo,

preparando para o nascer

da luz no dia que se segue.

O amor bate na porta.

Pulsa na aorta.

É o silêncio da calada da noite.

É a luz que domina o céu lá em cima.