HOMEM AO MAR
HOMEM AO MAR. AC DE PAULA SP
Num lugar onde havia um rei de faz de conta as coisas já não iam lá as mil maravilhas e os súditos já estavam acostumados a viver aos trancos e barrancos e ver o reino caindo pelas tabelas.
Em parte a culpa da situação era deles próprios pois era conhecido o fato deles imitarem súditos de um reino antigo que ficava lá por umas quebradas orientais que quando tiveram o poder de decidir sobre o destino da liberdade de um profeta e de dois ladrões, optaram por crucificar o profeta!
Neste reino era a mesma coisa, quando podiam escolher candidatos via de regra elegiam ladrões e ainda lhes davam a alcunha de salvadores da pátria.
Quanto ao recém eleito no entanto, não pesavam acusações de corrupção, mas ele era arrogante, melomaniaco, autoritário, homofóbico, misógino, emocionalmente desequilibrado, mau educado e acreditava ser o escolhido divino para guiar o povo na travessia do Mar Vermelho do desespero.
Ele pensava seriamente até em trocar de mar pois meninos tinham que vestir azul, meninas vestir rosa, e vermelho era a cor do diabo e de esquerdistas o que pra ele era tudo a mesma coisa, um dos eleitos antes dele achava que tudo era culpa das zelites, já para ele os culpados por tudo eram os arautos virtuais que não rezavam pela sua cartilha que era o caminho suave da insensatez.
Diante de uma crise mundial causada por uma doença que estava dizimando pessoas por todos os cantos da Terra, que alguns juravam ser plana, ele tal e qual se fazia nos primórdios da civilização, entre a cautela e a prevenção para que o mal não se alastrasse ainda mais, preferia jogar os idosos aos leões , já que eles eram as potenciais vítimas fatais.
Era como lançar uma âncora a um náufrago.
AC DE PAULA
poeta e compositor
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