artista
nasci, assim, desse jeitinho meu, todo artista, ou arteira
nunca soube, e isso é um porém, o que faria
com a arte visceral que vive em mim,
ela é tão forte e vibrante, mas, jamais enxerguei qualidade
na escrita, não obedeço as formas, e em minha dança,
tanta expressão se converte em desfalque da técnica.
na realidade, pairo na mediocridade, entre as desilusões
do ser, ser artista, ser arteira
de fato, sou artista
regozijando-me nas dores e delícias das solidões noturnas
daquelas ideias mirabolantes que assolam essa raça em suas madrugadas
artista na ponta dos dedos e solas dos pés
nas solas dos dedos e pontas dos pés
fissurada, obcecada, em letras, palavras e piruetas
cinco, seis, sete e oito,
plié, fondu, jete, repete, um, duas, mil vezes
sangramentos, calos, bolhas,
dores, na alma, e no corpo
de levar arte em poemas ou nos palcos,
carregando o fardo de se emaranhar no personagem
cisne, gente, escritora, animal
artista.