RELEMBRANDO ANE
PENSEI EM ANE FRANK
- A ansiedade nesta incerteza em ter de enfrentar um inimigo invisível.
- Rezo para que ele não venha, mas se ele vier, que venha logo e mostre sua fúria.
- Estamos armados sem saber se nossas armas são letais, cavamos trincheiras mas sabemos que ele voa.
- Noutras frentes já disseram que ele chega como chegaram em Troia: de carona em um corpo bem vindo .
- Como lutar contra este covarde invisível, se ele, assim como nós, também é criatura de Deus ?
- Mas Deus é imparcial e ele poderia assim julgar : Se o inimigo é cruel, nos também somos..
- E o medo toma conta e quando abro as manchetes, qualquer coisa assusta, a verdade assusta, os gráficos assustam, os progressivos números assustam e sem contar que os Fake Neews apavoram com as mentiras sobre conspirações.
- Fora a historia da peste negra, eu nunca vi nada igual
- Mas tem horas que o medo some quando olho para a rua e vejo tudo calmo, noto até pedestres caminhando como se não houvesse nada de errado...Que gente é esta? são corajosos ou ignorantes ?
- E de novo meu medo volta a palpitar quando passam dois Chineses com máscara na boca...Meu Deus, como tem Chineses no meu Bairro.
- Logo volto para minha trincheira, borrifo meu álcool, lavo minhas mãos com água e sabonete, lavo o rosto, apanho minha toalha, enxugo o rosto, olho para o espelho e digo: - "por enquanto, ainda estou vivo"
- Isso me dá um sossego e me lembro que não tenho mais medo da morte porque eu sei que já fui morto antes de nascer...
- E assim tem sido, fico pensado coisas, penso muito em Ane Frank e nos seus dias de clausura... Pobre menina, ela tinha sonhos!
- Tem horas que eu dou gargalhadas com minha mulher, noutras horas fico sisudo quando percebo que existe essa pendência sem tamanho, nem prazo e nem desfecho definido.
- Mas, apesar de tudo, ainda brota uma fascinação que me instiga a tentar vislumbrar se o nosso mundo será melhor depois que tudo isso passar.
Tomara que sim porque, do jeito que estava, não dá mais.