Por que eu escrevo?
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Por que eu escrevo?
Primeiro, para dividir a solidão que sinto e que não cabe em palavras, às vezes ditas para ouvintes desatentos. Talvez no íntimo do desconhecido que me lerá, minhas reticências signifiquem o ponto final da dor que fulmina almas doutras agonizantes criaturas. Segundo, para que ecoem, dentro de mim, os reflexos da angústia inicial, anterior ao desabafo do meu verbo, externada em cada uma das palavras às quais dei vida, libertando-as da minha solidão. Terceiro, para aprimorar meu entendimento acerca das manifestações inconscientes que preciso enfrentar - desde o mais discreto temor que me aflige ao mais hercúleo inibidor da minha força, a primeira palavra escrita. Assim, escrever se torna a liberdade necessária e suficiente para que eu não sofra, sozinho, as dores universais do homem atemporal.