Encruzilhada
Despido meus versos em ventos no monte solitário onde vivo
leio as mulheres de má fama e vejo a doçura em seus olhos
respingo delírio em meio ao vendaval
meus vícios perdidos em ventos como um passado sombrio
a minha maior queda foi o desejo
acabei perdendo tudo que tinha
cruzei o caminho até deus mas acabou em sangue
ao olhar meu reflexo, meu coração petrificou-se
em meio ao meu caminho me deparo com a fera
me entreguei tanto ao delírio ponto de perder o meu fígado
me devoro a sombra de uma árvore com a lástima em meus braços
sou forte o suficiente para carregar minhas dores
escrevo sobre a vida no final dela e vejo que lá eu vivi apenas 350 páginas
me isolava as noites em meio as xícaras e páginas rasuradas
um último gole em homenagem a minha desgraça
esqueça essa folha e a rasgue em topo ao monte
acabo sozinho ...
as damas de belo corpo dedico todo meu libido
as prostitutas eu deixo meu ouro
musas de meu eu lírico são as musas que sorriem para mim
mas as que eu desejo, quero apenas que continuem sorrindo
e a que me amas, te deixo meu verso
acabo na página 351
procuro as piores rotas até me tornar um errante
vi de todas as dores e não as entendo, perdi tempo demais sofrendo
chorei, e choro ao lembrar que aquela garota foi espancada estuprada e morta
não adianta sorrir com feridas no peito marcadas na primeira página
"e o vento vai levando tudo embora"
e me arrasto até a próxima estrofe
bebo todo aquele cálice, aquele maldito calice
cuspi o sangue daquele maldito da minha boca
dionisio me amaldiçoe por ser um filho tão rebelde que não corteja todas as damas
não me empodero das embriagadas pai, e nem conquisto as sóbrias...
carrego feridas alheias e me sacrifico por humanos que não sabem ser recíproco
"oh pai, perdoai-vos, eles não sabem o que fazem"
A lástima que sinto após não realizar meu sonho
derreto-me em prantos e afogo-me em álcool
mas nada me feriu tanto quanto esse desejo
mesmo que os deuses não me ajudem eu me provei capaz
e a morte foi o preço divino desse desejo de tocar o sol da contra capa
não me restam mais páginas para continuar escrevendo
até que um dia eu olhe pela janela e veja tudo que amo indo embora
não importa mais quantas lágrimas saem pelos olhos
elas molham a página que diz estar chegando ao final do livro
a cada passo que dava ao pesar de meus pecados
marcando uma trilha de sangue até o solo áspero da fé
manchei em minha pele o tom de vermelho daquela nobre santa
chorei o licor amargo do pecado
ajoelhado e em pedaços em meio ao monte
rezo…
eu sou tão belo, graças aos deuses
não os culpo de me desejar, feito o fruto proíbido
olhe nos meus olhos e diga que me queres e será sua maior lástima
nem mesmo as 3 serpentes tens o abraço tão forte quanto o meu
não se preocupe, farei de ti a estátua, perseu
correrei por este labirinto sem fauno
deparo-me com o delírio, mestiço que me aterroriza
não sei se sou digno de tal alcunha de herói depois de tal feito
invejo os lobos por serem ferozes, e a força dos leões
ganhei um pedaço do fogo divino para me aquecer nesse inverno
mas acorrentado às pedras pagaram por esse furto
a minha sabedoria custou muito para ele
ele que hoje se banha em próprio sangue
serei soberano do meu monopólio canibalista
minha ambição em terras sucumbiu minha alma
sou o cruel que vendeu a filha para alimentar a si mesmo
meu fim se depara ao céu… de minha boca
fiz 12 versos para provar meu poder e conquistar a imortalidade nesse delírio
trago meu poder para provar que sou o mais forte
calado! trago a pele da fera em minhas vestes
carrego o céu em minhas costas com orgulho
corto suas cabeças pensadoras de blasfêmias