vá(zio)

sou uma casa submersa no talvegue de um rio

visitada por escombros na fúria da jusante

as entradas sempre ostensivas

mas sempre sedento na direção do montante

janelas e portas convidativas

embonecado por fora com tanta brandura

a voz no sotão da minha cabeça

deseja meu curso à embocadura

os afluentes que desaguam em meu leito

levaram-me embora a arquitetura

aqui jaz uma bela vivenda

sem pele, sem olhos

só resta a estrutura.