A Racionalidade Nos Condenou
Minha hipótese é que a nossa capacidade de pensar é o que nos torna dominantes. E com o próprio pensar, acabamos nos condenamos ao óbito.
É intrigante imaginar como tudo chega a um fim, e esta é uma das únicas certezas que temos, o fim. Que tanto queremos prolongar e ou até mesmo extinguir. Temos medo de não aproveitarmos a nossas vidas, uma vida rápida e cheia de informação, e esse medo faz com que esquecemos do resto, da vida. Nos preocupamos tanto e vivemos tão pouco, uma pressão que colocamos em nós mesmos.
No início dos tempos, nós vagávamos, vagávamos como nômades. Andávamos pelo planeta a procura da sobrevivência. Usufruímos, consumimos e bebemos tudo o podíamos e assim que chegasse o fim, íamos para os próximos locais, assim dávamos tempo para a “terra” descansar. Chegou um momento que nós paramos de andar, aí então se descobriu/desenvolveu a agricultura.
A agricultura que nos fez ficarmos estáticos, começamos a cobrir maiores áreas, mas de contrapartida, não dávamos tempo ao descanso da terra. Não tínhamos noção de como tudo iria se tornar no futuro e o caos que seria. E então, veio a pecuária, onde nós começamos a dominar outros animais, assim, nos colocando quase na última fase da cadeia alimentar, perdendo apenas às bactérias e fungos decompositores. E que hoje, temos tentando estar acima dela também.
Daí se deu início outros vários acontecimentos, criações, revoluções, guerras, epidemias, desastres, aquecimento global e etc. E a racionalidade nos permitiu fazer tudo.
Hoje estamos mais avançados do que o planeta pode suportar, avanços que o desgastou muito e não deu descansos. Está tão avançado que nós mesmo não temos descanso, a vida está tão rápida que acaba escapando por nós, e agora, queremos que ela se prolongue, mas que sentido teria a vida sem o seu fim.
Mundo líquido, tão fluido, como a água que escapa pelos nossos dedos quando tentamos pegá-la com as mãos. Muitas informações, regras e competitividade,como dizia Zygmunt Bauman:
“Viver entre uma multidão de valores, normas e estilos de vida em competição, sem uma garantia firme e confiável de estarmos certos é perigoso e cobra um alto preço psicológico”
Hoje passamos a controlar nossa própria espécie e que a mesma não se esforça em notar, porque é mais fácil assim. A Facilidade, que tira o sabor dos momentos e das escolhas, pois podemos perder o controle sozinhos. Vivemos hoje pela ganância e carência de afeto, dinheiro, tempo, amor e poder. Perdendo o controle de nossas próprias vidas a busca da felicidade. Como se a felicidade fosse algo pra se buscar…
Bauman dizia:
“Hoje, o medo da exposição foi abafado pela alegria de ser notado”
Queremos toda a atenção do mundo, como se os olhares alheios preenchessem nosso pote de felicidade. Como se fosse um pote de água, pote que pode estar meio cheio ou meio vazio, isso só depende de quanta água você coloca dentro dele.
O estamos moldando o mundo ao nosso favor, mas nosso mundo não possui essa capacidade, logo chegará ao seu limite. No final, nossa espécie é a tóxica, que mata, polui, retira, usa e abusa daquilo de mais bonito que este planeta pode nos oferecer. E qual seria a minha conclusão? O seres humanos se tornaram o vírus do mundo, desde de que desenvolveu a sua racionalidade.
Peço que tudo aqui escrito não seja visto como certo ou errado, verdadeiro ou falso. E que tudo isso é apenas um pensamento de um jovem que pensa demais.