"O BONDE DO KEN E DA BARBIE"

Salvador, 10 de março de 2020

21:22

Nada muda [ou talvez mude bem menos do que a gente fica querendo crer] lá embaixo uma multidão de adolescentes estudantes de uma das escolas mais caras de Salvador, ensaiando uma coreografia pruma gincana. Contrataram um coreografo, "naaada de novo no front..."… Também já vi disso. A música é um funk da favela, cantado pela Mc Ludmilla, que diz o seguinte:

“Não olha pro lado, quem tá passando é o bonde / Se ficar de caozada, A PORRADA COME!”.(todos gritam nessa parte, eu achei um barato...)

Me vejo com quinze anos dançando pagodes baianos, funks do “Furacão 2000” e batuques indígenas. O esforço pra assimilar a cultura alheia nessas horas é fantástico, e quase desumano. As crianças treinam e treinam e treinam... e dançam de maneira incrível e sincronizada. A dança morre junto com a chegada do boletim. E o pavor a tudo que vem da favela continua… O índio continua perdido em livros e filmes. O favelado continua sendo um criminoso... Nada muda [ou talvez mude bem menos do a gente fica querendo crer]… “Se ficar de caozada, A PORRADA COME!”.

Eu hein…

Cafezin…?