O começo do fim do verão
O horizonte escuro, salpicado com pequenos pontos luminosos era tudo que eu via naquele início de noite, quando ao voltar do trabalho, ainda vestindo o uniforme, me sentei ali para, por alguns instantes, poder respirar e aproveitar minha companhia.
O gosto quente e amargo do mate descendo pela minha garganta casava perfeitamente com o vento gelado que tocava meu rosto, como duas ondas de diferentes intensidades que se somavam para entregar-me uma sensação única.
Pequenos animais da noite farfalhavam o mato, acrescentando sons delicados e confortáveis ao ambiente. Era o início do fim do verão e eu percebi então que vivia um momento raro, onde a única sofisticação era a total simplicidade.
Pudera eu refugiar-me em instantes assim, onde gostos, sensações e sons se encontram para fazer-me humano. Nem que seja breve, nem que seja só de vez em quando, mas que eu possa sentar-me ali e vivê-los de novo.