____________________DIÁLOGO

A Morte - diante de mim - desnudada da pressa e com as pálpebras arcadas, o jeito  e ihhhh... pensativa que ela! - enfim -, não gostei não! O perfil do seu rosto e foi desvelando capítulo por capítulo, relógio num tratado com o Tempo, sob o feitiço começou a supor o meu fim - distinguida de mim, que fique claro! Pois que eu nasci recomeço. 
A Morte queria dialogar - dialoguei - num espanto e no alvoroço e atenta - mas para dentro - pois a Morte, ah... saber do meu desequilíbrio e medo?! Ah, não! E fui, acendida a minha natureza falante de quem ensaia a eternidade. Besta que só! Tagarelei! E a Morte sorriu - discreta. Atenção afundada ao meu inútil apego - eu, cabeça de pedra - e de vento diante do inadiável - quando for o meu tempo.
A Morte me olhava - serena - como se falasse - não adianta! - , mas sonsa que sou, fiz até um café, ofereci... é difícil eu me entregar!
_ Tá tarde (e me espreguicei). Já que a Morte veio sem avisar. Ihhh, mas que fez que nem entendeu. Já chegou para ficar. Mas não ficou não porque fui abrindo a porta e me despedindo. Nada é maior do que a minha vontade de viver! 
A Morte se foi para voltar a qualquer hora! Que seja, que seja! Mas hoje não! Fechei a porta, me joguei no sofá (suspirei quebrantada) e presa ao motor das minhas ilusões.