Desprezo rotineiro

Acorda. Levanta cedo. Toma banho, se arruma, sai, pega seu ônibus. Um "bom dia" automático pro motorista e você toma seu lugar no veículo. Vai à escola, faculdade, trabalho, tanto faz. Passa seu dia. No final, pega seu ônibus, outro cumprimento a outro motorista e você vai pra casa. Toma banho, veste o pijama, talvez coma algo e, logo depois, dorme. A rotina se repete todos os dias, exceto aos fins de semana. Sem perceber, você passou, talvez, por alguém que tenha depressão. Sem perceber, você, talvez, passou por uma noiva contando os dias para o casamento! Ou, até mesmo, uma mãe preocupada com o filho na escola ou hospital. Alguém com um sério problema na família. Até mesmo alguém sendo feliz da maneira que pode. Para quantas pessoas dessas você olhou? Olhou mesmo, prestando atenção! Quantas oportunidades teve de ver diversas pessoas nessas e outras situações? Talvez sua exaustão, seus próprios problemas, felicidades e infelicidades, tenham te feito parar de olhar as pessoas ao redor. Suas próprias ocupações te fazem andar com a cabeça pra baixo, olhando uma pequena tela e se fechando em seu próprio mundo. Todos tem suas próprias dificuldades, seus próprios problemas, tristezas, felicidades e etc. Mas quanto isso tem te feito ter esse desprezo rotineiro que fomos "ensinados" a ter? Onde só você importa, o resto "que se lasque". Em que momento paramos de ver a dor do próximo e paramos de nos importar com isso? Em que momento esse desprezo pelo bem-estar alheio começou? Até onde você se permite mudar para se "encaixar" numa sociedade em constante mudança? Talvez esteja no hora de nadar contra a maré e ser diferente, olhar o próximo e se importar de verdade. Acredite, no meio de tantos problemas, ainda pode ter espaço pra isso.