Caneta
Muitas e muitas vezes me pego pedindo uma caneta a um garçom.
Já perdi a conta das vezes em que me arrependo de não ter uma comigo.
Me sento a mesa e a poesia vem.
E ela tem ciúmes, não se chega na multidão, prefere quando estamos a sós.
Onde tem de nossa companhia completa atenção. E não adianta: ou fala naquele momento ou nunca mais.
Já nem me lembro mais das vezes em que corri para transcrever tudo aquilo que estava em meus ouvidos e coração, como uma mensagem psicografada. Ela dita e eu escrevo, está além de mim.
E ela não se chega duas vezes da mesma maneira. Por isso, a necessidade da caneta em qualquer lugar.
A poesia é assim. E sua a magia da escrita nunca vai ser superada pela frieza das palavras, nem letras sem fim.
Ela é acima de qualquer escrita, qualquer dialeto, qualquer maneira de expressão. Ela é eterna, ela é única, ela é poesia.